O Turbante na História

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O turbante não é apenas um novo acessório fashion para compor um figurino, ele representa muito mais. Aqui sintetizo um pouco da sua história, força e ancestralidade para introduzir sobre o tema e a sua usabilidade por homens.

Origem e Religiosidade

Não se sabe ao certo qual a sua origem. Em pesquisas que realizei, é mencionado que seus primeiros registros são datados de antes do surgimento do islamismo. É amplamente utilizado no oriente para diferenciação social, religiosa e reconhecimento do status financeiro.

Em alguns casos sua utilização é permitida apenas para homens, como é o caso da religião islâmica ou para homens e mulheres da fé Sikh, na Índia. Sendo que para eles não é permitido o corte dos cabelos, sendo estes envoltos em turbantes.

Siri Chand Singh, um africano descente de Sikh que vive na América
Já na África, o Ojá é um turbante ou torço que é usando nas religiões de matrizes africanas, com significados e cores diferentes. Representa o elo com o divino, sendo um símbolo para roupas representativas dos Orixás, com amarrações em volta de atabaques e outros artefatos religiosos. Socialmente falando, ele tem utilidade no auxílio do transporte e sustentação de crianças pela mãe, quando está faz amarrações para prender a criança em suas costas.

No Brasil há a associação da sua utilização por mulheres religiosas de matrizes africanas, as baianas que vendem acarajés e outras comidas típicas da Bahia. Mas não é restrito a apenas essas mulheres. Nas ruas já é comum (e muito belo por sinal)  vermos nossas negras ostentando seus turbantes e cabelos naturais. Homens também tem usado, entretanto, em menor escala.

Moda e Estilo

Na moda, o turbante tem sido visto como acessório em desfiles nas semanas de moda ao redor do mundo, compondo figurinos e sendo ovacionado por isso, mas não sendo um adorno que representa a ancestralidade africana e a força que ele tem para povos.

Na internet, percebe-se também diversas mulheres com lenços e turbantes ou toucas que imitam turbantes. Poucas retratam a cultura e responsabilidade que ele carrega. Para muitos isso é ‘apropriação cultural’, para outros é apenas um item que se tornou tendência e que enfeitam cabeças.

Representatividade e Resistência

Esse processo de apropriação torna-se até comum num país tão miscigenado como o Brasil, onde há povos de diversos cantos do mundo. Entretanto, a apropriação que amplamente criticada pelos negros no país é aquela que não reconhece que aquele objeto pertence a uma cultura, que é um símbolo importante devendo ser reconhecido como tal e que não faz parte apenas moda passageira.

Para os negros e negras, o turbante não é apenas um item fashion, um acessório que virou tendência e logo será abandonado. É uma forma de representatividade,  aceitação da sua origem ancestral, reconhecimento cultural, uma forma de resistir as imposições de padrão de beleza eurocêntrico imposto há décadas ao mundo.

Para nós,  trata-se de uma coroa. Um item de representatividade. Uma arma de resistência.



Foto por Catalina Briceno


Wadi Halfa, Sudão by John Paskey



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